História

S A N T U Á R I O 

LOCALIZAÇÃO E CONTEXTO 

A pequena paróquia de Balugães, situada no extremo norte do concelho de Barcelos foi, na primeira metade do século dezoito, centro poderoso de atração católica para todos os portugueses, particularmente para os fiéis da região de Entre-Douro-e-Minho.

Ali acorriam diariamente piedosas romagens de peregrinos para venerar o sítio onde a Mãe de Deus se dignara aparecer. A falta de imprensa periódica para reclamo e defesa deste facto sobrenatural, e sobretudo o arrefecimento da fé cristã ocasionado entre nós, no final daquele século e na primeira metade do seguinte, pela penetração dos intensos erros maçónico-liberais na classe secular e eclesiástica, anuviaram a aparição de Balugães. Contudo, a fama dos factos sobrenaturais de Balugães deveria ser algo estrondosa para que chegasse aos ouvidos do apreciado escritor mariano do século dezoito, Frei Agostinho de Santa Maria (1642-1728) o qual, entre muitas outras obras, publicou o “Santuário Mariano”, ou a “História das imagens milagrosas da Santíssima Virgem”, que residia em Lisboa no seu convento da Senhora da Boa-Hora, senão no de Évora em que fora prior, e subissem os ecos da aparição à corte de D. Pedro II com tal clarividência que movessem a sua real piedade perpetuada na coroa de prata que mandou à Senhora. E tudo isto naquele tempo em que Lisboa ficava distante de Balugães sete ou oito dias de viagem, nem havia imprensa periódica para registar e espalhar esta graça divina.

Outros milagres ocorreram na aparição de Balugães, além da cura do vidente João Alves – o maior de todos – o milagre que resolveu o pai a acreditar no pedido feito pela Senhora ao filho vidente, e foi que, andando numa obra de pedreiro com o filho, passando este carregado com um cântaro de água sobre uma alta ponte (presumivelmente a de Barcelos), caiu dela abaixo, ficando de pé e sem entornar a água; e ainda “o suave aroma que rescindia o penedo que foi peanha da Senhora e percebido pelo pai do vidente, quando foi examinar o sítio da aparição” e que ficou narrado por Frei Agostinho de Santa Maria.

Da mudez e do infantilismo acentuado que padecia aos vinte anos ficou curado depois da aparição e tão radicalmente que foi nomeado pelo próprio Arcebispo de Braga sacristão dos templos da Senhora, nos quais ajudava às missas como qualquer normal. Neste ministério viveu durante oito anos, assistindo como colaborador manual à edificação das duas capelas, sobre a laje em que lhe apareceu a Senhora, e à do templo-memória, durante os três últimos anos da sua vida. Antes da cura milagrosa, chamavam-lhe João Mudo, e depois era tratado por «Frei João de Nossa Senhora Aparecida», como se deduz da narrativa de Frei Agostinho de Santa Maria e do assento de óbito. Neste se acrescenta que «Frei João, ermitão de Nossa Senhora». 

Como os devotos que concorriam a este local eram muitos, assim sentiam ser a sua casa pequenina, todos pediam que lhe edificasse uma casa muito grande e com este enorme desejo todos ajuntavam pedra. À vista destes fervorosos desejos que todos mostravam, mandou o ilustríssimo Arcebispo Primaz de Braga, D. Rodrigo de Moura Teles, edificar à Senhora um grande e formoso templo de estilo neoclássico (1707 a 1720), com duas torres, sendo os seus altares de estilo barroco, de uma policromia extraordinária. Aqui, poder-se-á encontrar o mais belo estilo barroco no altar-mor desta igreja. Durante o ano acorrem muitos milhares de devotos de vários pontos do país em romagem até este Santuário Mariano em busca de proteção.

A 15 de Agosto, realiza-se uma grande peregrinação, que parte da Capela de São Bento em direção ao Santuário de Nossa Senhora. Nela participam, de forma organizada, muitas freguesias dos concelhos limítrofes, pertencentes às Dioceses de Braga e de Viana do Castelo.    

RESUMO DA HISTÓRIA DA APARIÇÃO  

“Era numa tarde cálida de Agosto de 1702, andava um pequeno pastor de nome João a guardar, como de costume, o seu rebanho no monte de Castro de Balugães, a três léguas ao norte de Barcelos. De súbito se desencadeou uma trovoada medonha e o pequeno, entrando-se de medo e sem poder reunir o espavorido rebanho, viu-se compelido a procurar abrigo no desvão duma lapa existente no lugar em que o surpreendera a tempestade. A emergir de um envoltório de luz suave apareceu-lhe a Senhora que lhe perguntou a razão do seu pranto; e ele, que nascera mudo, desprendendo-se-lhe a fala, responde-lhe que chora de susto. Anima-o a Virgem, e diz-lhe que vá prevenir o pai (este era pedreiro) que era seu desejo lhe construísse ali uma ermida.Correu a criança a comunicar as ordens recebidas; mas o pai não lhe deu crédito e nem ao menos inquiriu do filho a razão daquela estranha mudança, pois vi-o agora a falar. Volta no dia seguinte ao monte o pastorinho que desta vez chorava de fome. Apareceu-lhe de novo a Senhora a reiterar o pedido e, a fim de o alentar e de reduzir a incredulidade daquele pai insensível, adverte que vai mudar em pedaços de pão alvíssimo as migalhas quase esgotadas do pão negro do alforge que sobraçava o esfomeado zagal e, da mesma sorte, deste pão de milagre, o forno vazio da sua casa o pai encontraria repleto a mais não caber.

E o duplo milagre realizou-se